Corvette SS Project XP-64: singular… até nas aparições

Criação de Zora Arkus-Duntov é um dos 11 automóveis do Indianapolis Motor Speedway que será leiloado em Fevereiro.

Das 11 “pérolas” provenientes do acervo do Indianapolis Motor Speedway, que serão leiloados pela RM/Sotheby’s nas próximas semanas, há mais do que o Mercedes-Benz W 196 R ou o Ferrari 250 LM. Por exemplo, o singular Chevrolet Corvette SS Project XP-64, de 1957.

Ainda mal tinha terminado, com um êxito retumbante, a apresentação do primeiro Corvette – que teve lugar na Motorama de 1953, tendo como palco o Hotel Waldorf Astoria de Nova Iorque – e já a Chevrolet pensava que seria nas pistas que o novo modelo se poderia impor definitivamente.

Zora Arkus-Duntov, conhecido (erradamente) como o “Pai do Corvette” – a sua entrada no projecto apenas se deu em 1955 –,

escreveu a Ed Cole, então engenheiro-chefe da Chevrolet, expressando o seu desejo de trabalhar para a marca no programa Corvette.

A oferta foi aceite e Arkus-Duntov iniciou sua carreira na Chevrolet, empenhando-se imediatamente no programa do Corvette SS Project XP-64, que é o automóvel que agora vai a leilão, com um valor estimado entre cinco e sete milhões de euros.

Considerado o primeiro veículo de competição desenvolvido pela General Motors, é o único Corvette SS montado e inscrito em competição pela marca.

Movido por um Chevrolet V8, de 4,6 litros, equipada com um sistema de injeção Ramjet (debitando 300 cavalos), associado a uma caixa manual de quatro velocidades, é o único modelo Corvette SS equipado com carroceria de magnésio, de aerodinâmica muito apurada.

Concluído apenas uma semana antes das 12 Horas de Sebring de 1957, o SS Project XP-64 foi inscrito com John Fitch e Piero Taruffi como pilotos, eles que já tinham feito dupla como pilotos da Mercedes-Benz.

Numa corrida que terminou com a vitória da dupla Juan Manuel Fangio-Jean Behra, a bordo de um Maserati 450S de fábrica, o Corvette SS apenas durou 23 voltas, abandonando, devido a um problema mecânico, quando seguia no sexto lugar.

Ao contrário do sonhado – Arkus-Duntov desenvolvera o SS Project XP-64 a pensar numa eventual participação nas 24 Horas de Le Mans –, o singular Corvette nunca mais correia.

Mas, dele ficaram uma série de inovações tecnológicas – como o primeiro sistema de injeção de combustível –, posteriormente incorporadas no Corvette de produção.

E ficou, também, este exemplar único, que foi oferecido em 1967 ao Indianapolis Motor Speedway. Algo que só foi possível por Arkus-Duntov se ter envolvido numa luta interna na General Motors, impedindo a destruição do protótipo…

Foto: RM/Sotheby’s